quarta-feira, 19 de março de 2014

[Sonho] - Vizinhos, visitas e violência

Sonho sem sentido, pé ou cabeça. Não digam que não avisei.

Um condomínio de 480 apartamentos, 120 por bloco (prédio), além dos empregados (porteiro, faxineiros, etc.), então imagine o quanto pode render qualquer evento. Moro aqui desde os meus 3 anos de idade.

Imagine que um dos 480 condôminos esteja em casa sozinho e receba uma visita pela primeira vez. A campainha toca e dois dos seus 4 vizinhos mais próximos ouvem e olham pelo olho mágico da porta para ver quem é. É alguém que nunca viram, imaginam quem seja, qual a relação com o vizinho que abre a porta, comentam com a família se acharem que vale a pena.

Uma hora depois, os vizinhos ouvem gritos vindo da casa. Como de costume, olham pelo olho mágico. De repente, alguém abre a porta e sai correndo.

Muitos dos moradores povoaram o pátio do condomínio como se fosse dia de festa com comida de graça e em alguns minutos uma viatura polícial chegou. Mais alguns minutos e uma mulher saiu do elevador e andou pelo pátio com sangue em uma das mãos e uma faca na outra. E ela gritava algumas coisas inaudíveis e repetia "Cachorro! Cachorro!" em meio à confusão de palavras e lágrimas. Um dos policiais pede ajuda a dois condôminos para acalmar a mulher e tentar entender o que está acontecendo. O outro policial pergunta se há alguém na casa. Ela só repete "Cachorroooooo!" e chora muito.

Com a quantidade de sangue em suas mãos e o seu estado emocional, a versão extra-oficial é de que a visita que ela havia recebido, um homem, teria tentando alguma coisa -- as versões foram de ladrão a serial killer em poucos minutos -- e ela havia agido em legítima defesa.

" -- Mas, gente, e o cachorro?" -- alguns vizinhos lembraram que a mulher vive com um cachorro.

Como ninguém conseguia acalmar a mulher, os dois policiais confiaram sua segurança a um dos vizinhos mais íntimos e pediu para que permanecessem na portaria enquanto fossem verificar o apartamento.

A cena era grotesca: um homem no chão, respiração quase inexistente, muito sangue, múltiplas feridas no pescoço e braço. Mais ao lado, um cachorro vira-lata, algo entre rottweiler e pastor alemão, morto com várias facadas no corpo.

A mulher foi internada em um hospital psiquiátrico e até hoje não sabem exatamente o que aconteceu naquele dia, visto que o homem não sobreviveu ao ataque do cachorro, nem o cachorro sobreviveu ao ataque da sua própria dona. Até hoje não se sabe o que o homem fez para que o cachorro o atacasse, nem se o cachorro realmente merecia ter morrido por isso. O caso foi arquivado e ganhou um spin-off no seriado Cold Case.

Nesse momento, um avião passou bem perto do meu condomínio e eu acordei, não sem antes ouvir a música do seriado CSI Las Vegas na minha cabeça. Realmente, não sei o que houve dentro da minha cabeça essa noite.

sábado, 15 de março de 2014

Uma personagem - "Aquela"

Talvez tenha se tornado rabugenta, ou talvez o tipo que opina para não passar despercebida. Exercita seu vocabulário como numa competição de patinação no gelo, tão ritmada e concentrada, assustando a todos a cada salto mirabolante de sua língua. Se não fosse pelas pausas pro martíni quase morno, poderia facilmente engoli-la.

Os desastres linguísticos dos colegas a divertia. Era tão fácil criticar e sorrir, fingindo gostar, quando na verdade zombava, que praticamente gozava a cada erro alheio. O que cada um pensa é pouco, havia sempre mais argumentos disponíveis para lhe excitar e embebedar. 


E quando o copo de martíni já não parava em sua mão e o vestido já lhe era muito incômodo, exclamava "bando de idiotas!" e se jogava num táxi.


Os taxistas eram os mais excitantes.


(Publicação antiga, com edição e revisão de 15/03/2014)

O tempo e os outros

Cada um tem seu tempo.

Exemplos de vida são "musas", inspirações que devemos ter sempre. Devemos sonhar alto, planejar com os pés no chão para os sonhos virarem realidade e sair do lugar para colocar o plano em ação.

O que aconteceu para mim em um mês pode demorar cinco anos para acontecer para você. Cada pessoa é e tem uma vida, não há comparações. Ultimamente, eu tenho visto a vida como uma árvore gigante, cheia de ramificações e variáveis incontroláveis. Tento me concentrar nos frutos, que são palpáveis e alimentam, mas admito que os galhos flexíveis do acaso me distraem bastante. À noite, viram monstros que invadem meu sono. Me desvencilhar destas armadilhas da mente não é fácil. Tenho feito progressos, sendo o maior deles minha atual posição profissional.

Enfim, as inspirações podem ser mútuas e por isso não é muito inteligente subestimar o poder da observação. As pessoas lhe observam quando você menos espera e está menos preparado. Portanto, esteja sempre preparado de alguma forma. Aprendi isso essa semana, na "porrada" que levei vinda de um galho da vida, no meio da ventania.

Servir de inspiração e observação é legal e tem um peso, que pode ser ótimo se você está preparado para isso. As pessoas chegam famintas daqueles frutos vistosos que vêem em sua árvore, porque acham que a árvore delas não as alimenta neste momento. Às vezes, essa fome é cansativa para quem está sendo observado. Há muitas perguntas e nenhuma delas é comunicada por quem anseia pelos frutos. Contam a vida toda e, no fim do relato, já que gastaram um bom tempo escrevendo/falando, acham que é a sua vez de fazer o mesmo.

"Estou um pouco perdido, me ajuda? Conte um pouco de como foi para você chegar até aqui." A resposta mais objetiva e sincera para uma pergunta tão ampla -- o que não significa que é a melhor resposta -- seria: "Bem, eu poderia falar desde o Big Bang, ou citar a Bíblia, ou falar de como meus pais se conheceram, ou dizer o que comi no almoço. Para quem pediu uma luz, fazer sombra não é coerente. Seja específico, afinal, quem quer a ajuda é você." Nem preciso dizer que isso soa grosseiro. Mas, pense no tempo que a outra pessoa precisaria usar para cobrir todos os aspectos que implicaram nesta "chegada até aqui". Bastante, não é?

O tempo é valioso, tanto o meu quanto o seu. Eu já gastei muito tempo na minha vida. Estou num momento diferente: invisto tempo. Estudo, trabalho, leio muito. No último ano, acho que li mais do que nos cinco anos anteriores. Invisto muito tempo em mim e na minha família. Os resultados são visíveis, palpáveis, frutos maduros de muito esforço, em todos os campos da minha vida. Se quiser meu tempo, que seja para investirmos juntos em momentos bons e produtivos. Conversas, risadas, debates e brainstorming são ótimos exemplos de troca entre pessoas, algo que amo fazer.

Então, façamos como uma frase ótima que li outro dia (não lembro qual filósofo a disse), que dizia algo como "não confundam movimento com ação": em vez de vagarmos por aí, ocupando uns aos outros com conversas sem direção, aguardando o grande mistério da vida (do outro) se revelar para nós, façamos mais por nós mesmos. Se não der certo, mudemos de plano. Fazermos as mesmas coisas e esperarmos um resultado diferente é insano.